Na Austrália, a população aborígene é dizimada por um vírus misterioso e ninguém se importa

Os australianos nativos há muito temem o vírus linfotrópico T humano tipo 1, comumente referido como HTLV-1. Este vírus é transmitido sexualmente ou por transfusão de sangue. Uma mãe infectada também a transmite ao filho através do leite materno. Os sintomas são leucemia, inflamação da medula espinhal ou bronquiectasias.

De acordo com pesquisas das cinco comunidades localizadas perto de Alice Springs, 45% dos adultos carregam o vírus. A doença é mais prevalente entre os indígenas, no entanto, é negligenciada. De acordo com os pesquisadores, o HTLV-1 é difundido no norte e no centro da Austrália.

A taxa de mortalidade pelo vírus aumentou acentuadamente na última década.

HTLV-1 descoberto ao mesmo tempo que o HIV

O vírus HTLV-1, que está dizimando a população aborígene da Austrália, foi descoberto na década de 1980. No entanto, a comunidade científica o ignorou totalmente, concentrando-se no HIV.

Naquela época, a AIDS era considerada uma prioridade. A partir de então, o HTLV-1 começou a matar gradualmente a população indígena da Austrália na ausência de tratamento eficaz.

Para aliviar esse mal que assola a Austrália, o Dr. Lloyd Einsiedel foi ao encontro dos aborígenes. Ele é especialista em doenças infecciosas no Baker Heart and Diabetes Institute no Alice Springs Hospital. Ele identificou muitos pacientes no deserto, no sul do país.

Segundo o médico, a extensão da doença deve ser levada em conta e sua disseminação não pode ser detida pelas fronteiras artificiais construídas pelos europeus.

Um vírus difícil de erradicar

Entre os aborígenes australianos, a bronquiectasia afeta a grande maioria dos adultos. Einsiedel acredita que há, portanto, uma necessidade urgente de testes, tratamento e uma campanha de prevenção em línguas indígenas. Os profissionais de saúde devem ser treinados para superar a barreira do idioma.

A comunidade internacional considera que o HTLV-1 não merece ações de prevenção midiática, pois as pessoas acometidas podem carregar esse vírus por toda a vida sem sofrer efeitos adversos. Apenas 10% dos pacientes podem desenvolver doença fatal ou leucemia.

Ainda é incrível esse duplo padrão, milhões de dólares são alocados anualmente para doenças raras e a falta geral de consideração sobre o HTLV-1 que vem matando há quase 40 anos.