Starlink escureceu seus satélites, mas não é suficiente

Nos últimos dois anos, a empresa de astronáutica e voos espaciais de Elon Musk, SpaceX, já colocou mais de 950 satélites Starlink em órbita. Como lembrete, Starlink é um projeto de acesso à Internet via satélite, proposto pela SpaceX, que se baseia na implantação de vários milhares de satélites em órbita baixa da Terra.

Os primeiros satélites também possibilitaram conectar áreas rurais da América a uma Internet do tipo banda larga. Só que, se tudo isso soa como uma boa notícia, os astrônomos recentemente reclamaram que os satélites Starlink, e mais por vir, estão invadindo os céus, escondendo estrelas e arruinando suas observações, porque são muito brilhantes.

Mas em um documento publicado no sábado 09 de janeiro de 2021 no ArXiv, foi relatado que Starlink adicionou guarda-sóis aos últimos 415 satélites que colocou em órbita, isso para reduzir seu brilho em 30%, mas isso é insuficiente para os astrônomos.

VisorSats não escondem satélites o suficiente

De acordo com este documento, essas viseiras desenvolvidas pela SpaceX, chamadas de “VisorSats”, escureceram consideravelmente os satélites. Essas viseiras são acionadas após o lançamento dos satélites e, assim, evitam que a luz do sol reflita nas superfícies mais brilhantes dos satélites. Apesar disso, essas viseiras não bloqueiam totalmente a luz dos satélites e isso os torna visíveis através de telescópios.

E é este último ponto que os astrônomos deploram. Com os 12.000 satélites que a SpaceX ainda implantará até 2027, com o acordo da FCC, os cientistas temem que o céu esteja repleto de estrelas falsas e que seja impossível continuar com calma o estudo e a observação do cosmos. Além disso, esses satélites dificultarão os esforços dos astrônomos para estudar corpos celestes e, mais importante, para proteger a Terra de asteroides perigosos.

Amazon, OneWeb e GW também querem lançar seu lote de satélites no céu

No momento, a SpaceX não se expressou sobre esses medos dos astrônomos, nem em seus VisorSats. No entanto, Business Insider informa que a SpaceX pretende baixar seus satélites para magnitude 7, o que os tornaria muito mais escuros e quase invisíveis a olho nu. De qualquer forma, a FCC deixou claro que evitar a interrupção das observações astronômicas não faz parte dos critérios para ter uma licença.

Mas os satélites da SpaceX não são os únicos que preocupam a comunidade astronômica. Além da SpaceX, outras empresas também querem lançar satélites no espaço como Amazon, OneWeb e a chinesa GW. A OneWeb, em particular, quer enviar seus satélites para uma altitude maior que a Starlink, o que os tornaria mais visíveis durante grande parte da noite. Se isso acontecer, Jonathan McDowell, astrônomo do Centro de Astrofísica de Harvard e Smithsonian, disse que será impossível realizar a maioria das observações terrestres no verão.