Vênus: a descoberta da fosfina posta em causa

Em setembro passado, a astrofísica Jane S. Greaves e sua equipe no MIT (Massachusetts Institute of Technology) declararam ter descoberto o PH3 em Vênus. A descoberta desencadeou diferentes reações dentro da comunidade astronômica. O fato é que a maioria dos cientistas considera esse gás uma bioassinatura, ou seja, um vestígio da existência de uma forma de vida.

No entanto, outros pesquisadores acabam de questionar a suposta descoberta da fosfina na atmosfera de Vênus. Eles reexaminaram os dados divulgados há cerca de um mês e disseram que não encontraram evidências do gás no planeta. No entanto, o Observatório Europeu do Sul até já mencionou a hipótese de um vestígio de vida no planeta.

Concretamente, duas equipes separadas replicaram o trabalho de Greaves e sua equipe. Eles tentaram avaliar a confiabilidade desta publicação por outras abordagens, o que os levou a resultados bastante contraditórios.

Nenhuma evidência sólida para a presença de fosfina em Vênus

O primeiro estudo consistiu em identificar a assinatura infravermelha correspondente à fosfina chamada de rádio espectral quântico da molécula. Os pesquisadores analisaram características de luz da atmosfera venusiana coletadas pelo telescópio Mauna Kea no Havaí desde 2015. No entanto, eles não detectaram nada.

O outro estudo deu uma conclusão muito mais categórica. Por outro lado, ainda aguarda revisão e validação pelos pares.

“Os dados originais incluíam muito ruído para concluir qualquer coisa. Em astronomia, esses dados complicados são considerados estatisticamente insignificantes. O estudo original, portanto, não pode oferecer fortes evidências da presença de fosfina na atmosfera de Vênus.”explicou o astrofísico holandês Ignas Snellen e seus colegas da Universidade de Leiden.

“A análise apresentada não fornece uma base sólida para inferir a presença de PH3 na atmosfera de Vênus. Os dados do ALMA em 267 GHz não forneceram evidências”concluíram os pesquisadores.

A aniquilação da esperança de encontrar uma bioassinatura em Vênus?

Os resultados desses dois estudos concordam em um ponto essencial: a fosfina é detectada na mesosfera superior apenas a cerca de 80 km de altitude, contra 50 km do estudo inicial. Ele está localizado em níveis não observáveis ​​por espectroscopia de infravermelho.

A esperança de encontrar um vestígio de vida em Vênus ainda não está totalmente perdida. No entanto, o que é certo é que os cientistas terão que aprofundar suas pesquisas ou explorar outros caminhos.